segunda-feira, 12 de junho de 2023

Como perdi minha virgindade

 (texto meramente fictício)

            Me lembro como fosse hoje. Naquele dia eu estava bem nervosa, minhas mãos suavam, minha respiração estava ofegante, Parecia que eu estava a caminho de um passeio da escola. Eu estava sentada na cama, usava um short curto e uma blusinha já batida. Foi de pronto o momento, mal tinha chegado o sol alto do meio dia.

            Ele era carinhoso comigo, fazia muito dos meus gostos. Tentava me agradar de todas as formas, estava ganhando meu afeto. Me sentia uma princesa quando estava com ele. Que sonho... Ele chegou, fechou a porta do quarto, me deu um beijo na testa e disse que gostava muito de mim, que queria ter me conhecido antes. Me senti super envergonhada.

            Ele me puxou, sentei no seu colo. Começou a me beijar pelo pescoço, tirou uma das alças da minha blusinha e a descer o meu short. Eu não sabia o que aconteceria naquele momento, meu corpo tremia. Ali então aconteceu algo que mudaria minha vida de forma inesquecível.

            Ele me procurava a cada 2 ou 3 dias, depois de um tempo, acabou numa surpresa. Estávamos no quarto quando minha mãe entrou, ela tinha voltado da ida ao trabalho para pegar um documento. Fomos flagrados no ato. Ela partiu para cima dele, eu fiquei assustada, não entendia o que estava acontecendo. Ele pegava sua roupa debaixo de tapas e gritos. Eu tentei sair, mas minha mãe dizia que ia conversar comigo depois e não era para sair do quarto.

            Depois de tanto escândalo, ela veio ao quarto e começou a me bater. Disse que eu estava sob o teto da casa dela e devia respeito, que não deveria estar fazendo aquilo. Ela me expulsou de casa, disse que procurasse a casa do meu pai. Me senti muito culpada pelo que aconteceu, mesmo sem entender tudo aquilo.

            Meu pai me recebeu com tanto surpresa que teve que perguntar a minha mãe o que tinha acontecido. Ela contou como se eu tivesse cometido um crime. Meu pai veio conversar comigo e perguntou se era verdade. Eu com lágrimas nos olhos, disse que havia acontecido aquilo, mas não sabia que era errado. Meu pai saiu de casa enraivecido, foi atrás daquele homem que havia começado tudo isso.

            Naquele dia, perdi minha mãe e meu pai, ele havia matado pela primeira e última vez em nome da honra de sua filha e estaria preso por um bom tempo. Não poderia morar na casa do meu pai, fui morar em um lugar que dá apoio a menores de idade. Não tinha quem pudesse me dar um pouco de carinho, de abraço que fosse sincero. Um dia, minha mãe veio me visitar, disse que não queria ficar comigo e estaria me deixando para trás, e ainda disse que havia destruído toda a família e que ninguém me ajudaria a sair dali.

            Descobri que fui vítima ao ceder aos encantos do meu padrasto, e no momento que mais precisei fui a criminosa que perdeu tudo do pouco que tinha, minha família, meu lar, meu carinho, minha inocência.

Maria do Mundo - 9 anos


            Esse texto tem como ideia mostrar uma realidade que fica debaixo de muitas camadas sociais, não somente numa veia familiar, mas em escolas, em vizinhanças, em comunidades, nos garimpos, nas fábricas, aqui, lá acolá, seja onde for. Enquanto fecharmos os olhos para muitas verdades, a sociedade será extintas debaixo das nossas asas, das nossas seguranças. Ouça, reflita, acolha, salve.