segunda-feira, 16 de julho de 2012

Por trás de uma lente craniana


            Estava me lembrando de um fato, que faz anos que ocorreu, uma mãe vê um filho cair em um córrego, e sem saber nadar, pula no córrego para salvar o filho. Este fato ficou muito famoso pelas imagens fortes da situação, isso graças a um fotógrafo que por ali passava. Porém, além da repercussão do caso, quanto a bravura da mãe, o fotógrafo foi muito, mas muito mesmo, questionado a respeito de sua atitude. Questionou-se o motivo que o fotógrafo teve de não ajudar a mãe e seu filho, e tirar as fotos daquele fato. Agora, qual é o limite entre registrar uma imagem de rara ocasião e deixar tudo de lado para salvar alguém? Você tendo conhecimento do fato, com total certeza, já vai ter uma opinião, mas e se você estive na situação do fotógrafo? Quando digo isso, não digo numa situação hipotética, mas numa situação real. E se agora, neste momento, algo que colocasse sua reação em prova, acontecesse com você, o que faria? É muito fácil encontrar argumentos quando se tem tempo e emocional preparado, mas em situações onde a reação acontece em segundos, nem sempre a “teoria” se torna “prática”. Você pode ter várias variáveis na teoria, mas que na prática não vão aparecer. Questionar a atitude de alguém é extremamente simples, mas interpretar a emoção é completamente difícil. Se você presenciar atitudes fora do comum das pessoas, como explosões de adrenalina, pode ter certeza que aquela reação não foi pensada, planejada, prevista, foi uma atitude reflexa do comportamento humano. Fique claro que não estou dizendo que o fotógrafo foi certo ou errado, mas mostrando que tanto ele, como você, leitor, são seres humanos movidos também por atos reflexivos da conduta humana.

terça-feira, 3 de julho de 2012

O fim para o início


            A morte. Nós como meros seres humanos sabemos que um dia chegaremos ao fim do nosso caminho. Contudo, ao deixarmos o mundo mortal, há pessoas que ficam, sentiram saudades, a falta e não entenderam nada do que está acontecendo. Estranho isso, não? Mas é assim uma criança bem pequena pensa da morte. Sabe-se que é muito complicado explicar o sentido da morte para uma criança, não é algo que se pode pegar, que se pode ver. “Ah, mas um cara com três tiros estendido no chão não é visível?” Sim, caro leitor frenético, porém é aquele homem morto, e não a morte. Parece simples a nossos olhos saber o que é a morte, claro que cada crença tem uma definição, mas todas tem um mesmo início: é o fim do corpo material. Para alguns, o espírito vai para o céu, vai para o inferno, vai para o paraíso, vai para uma cidade espiritual, vai para o lado de seu deus, e às vezes fica por aqui mesmo, em nosso plano terreno. Enfim, os últimos passos do ser humano são para o fim de sua vida. O que dizer a uma criança a respeito? Novamente digo que cada crença teria sua explicação, mas qual seria a explicação social, ética da morte? O que dizer para todas essas pequenas, por exemplo, em uma escola? Seria um pouco mais complicado em um contexto neutro de religiosidade. Respeitar as crenças é importante, mas a opinião de um pode não ser a opinião do outro. Podemos equalizar muitas coisas: política, esporte, moda, música, etc., mas certos assuntos não devem ser tratados como discussões de crenças. Se alguma criança me perguntasse o que aconteceu com seu avô, por exemplo, ao vê-lo dentro de um caixão e sendo velado ao meio da sala de sua casa, não teria dúvidas ao responder: “Chegou a hora dele partir desse mundo, seu papel foi cumprido e ele pode descansar em paz.” Não citaria os nomes de céu, Deus, Jesus, pois estaria evocando meios de constrangimento a criança. Digo isso porque passei isso quanto ao falecimento de minha bisavó. Estava dormindo no quarto, acordei e estava muito silencioso. Achei estranho e saí da cama. Fui até a sala e vi minha bisavó dentro de um caixão. Sentei sobre o colo de minha avó e a ouvia chorar. Fiquei um tempo ali, voltei a minha cama e comecei a chorar dizendo: “Por que, meu Deus? Por quê?” Claro, que ao dia seguinte, não escorria mais nenhuma gota de lágrima de meus olhos.  Isso porque não foi meu Deus que a fez morrer, já era chegada a hora dela partir e descansar em paz. O que quero dizer é que não devemos mostrar alguém que seja responsável por ter levado um ente querido, mas dizer que todos nós temos missões aqui nesse mundo, e ao cumpri-las, podemos descansar.