domingo, 5 de agosto de 2012

Perdão, mais do que um sinal de amor, um dom de sabedoria

Essa semana muitas coisas aconteceram comigo. Dentre elas, fui me confessar. Parece estranho dizer que fui me confessar, muitos vão achar “Ah, isso é normal, todo católico se confessa, blábláblá...” Mas nem todos seguem a risca isso, eu sou um caso assim. Vou compartilhar um pouco desse momento. Naquele dia, fui a igreja estritamente para me confessar, nem passei por meus amigos que por lá estavam. Cheguei a cumprimentar dois conhecidos que estavam por ali na sala de espera da confissão. Perguntei a um rapaz se estava na fila, ele disse que sim e que era o último, fiquei logo atrás dele. Esperava com anseio, medo, receio, todas as possíveis sensações de alguém que devia a sua fé. Enquanto esperava, uma conhecida de minha também havia chegado, alguns outros conhecidos de minha parte saíam da sala depois de suas confissões, mais algum tempo e chegou minha vez. Foram passos de muito nervosismo até aquela cadeira aonde ia me sentar. Desejei boa noite ao padre, que por sinal me recebeu muito bem, e começamos a conversar. Algumas coisas vou expor aqui e, claro, outras não vou dizer. Fui claro e conciso sobre meus arrependimentos. Primeiro pequei contra minha fé. Não sei bem ao certo, mas provavelmente fazia em torno de 10 anos que não me confessava, foi minha primeira confissão. Tomei coragem e agi por minha própria vontade, minha escolha, meu livre arbítrio. Minha segunda confissão foi sobre meu relacionamento com a família, brigas, mentiras a meu favor, coisas que são comuns a muitas família, mas que me arrependi por essas causas. Por fim, confessei um pecado mais grave, que não falarei aqui, óbvio. Ao fim, o padre me deu os conselhos que precisava ouvir, me orientou do modo que precisava, estava muito desorientado a respeito de meus atos. Estava atento a cada palavra, cada sílaba era confortante, cada palavra um alívio. Após, abaixei minha cabeça e recebi o perdão divino, e deste, senti algo meio difícil de explicar, como se meu corpo ficasse mais leve, como se algo estivesse saindo de minhas costas e eu pudesse levantar com mais furor. Era uma sensação muito mais do que maravilhosa, quase graciosa. Agradeci ao padre e antes de sair, ele me sugeriu a leitura e oração do Salmo 30, eis abaixo:

SALMO 30
A ira de Deus dura um momento só, mas a sua benignidade é eterna
Salmo e canção na dedicação da Casa - Salmo de Davi
1 EXALTAR-TE-EI, ó SENHOR, porque tu me exaltaste; e não fizeste com que meus inimigos se alegrassem sobre mim.
2 SENHOR meu Deus, clamei a ti, e tu me saraste.
3 SENHOR, fizeste subir a minha alma da sepultura; conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo.
4 Cantai ao SENHOR, vós que sois seus santos, e celebrai a memória da sua santidade.
5 Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.
6 Eu dizia na minha prosperidade: Não vacilarei jamais.
7 Tu, SENHOR, pelo teu favor fizeste forte a minha montanha; tu encobriste o teu rosto, e fiquei perturbado.
8 A ti, SENHOR, clamei, e ao SENHOR supliquei.
9 Que proveito há no meu sangue, quando desço à cova? Porventura te louvará o pó? Anunciará ele a tua verdade?
10 Ouve, SENHOR, e tem piedade de mim, SENHOR; sê o meu auxílio.
11 Tornaste o meu pranto em folguedo; desataste o meu pano de saco, e me cingiste de alegria,
12 Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. SENHOR, meu Deus, eu te louvarei para sempre.

Este salmo foi mais do que sentido por mim, me coloquei em uma visão mais clara do que passei antes daquele dia. Percebi que o perdão divino tinha me encontrado e hoje, busco o perdão dos homens, não da minha família, pois família é família, hoje briga, amanhã está rindo. A pessoa que procuro o perdão sabe que é dela que estou falando. Espero ouvir seu perdão, pois aqui eu peço meu perdão. No título dessa postagem, disse que o perdão é mais do que um sinal de amor, é um dom de sabedoria, pois quando você reconhece seus erros e se arrepende, você se torna sábio, se torna alguém com a sabedoria mais evoluída para viver a fronte dos erros. Hoje fui, sou e serei um pecador reconhecido perante minha fé e minha vida.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Por trás de uma lente craniana


            Estava me lembrando de um fato, que faz anos que ocorreu, uma mãe vê um filho cair em um córrego, e sem saber nadar, pula no córrego para salvar o filho. Este fato ficou muito famoso pelas imagens fortes da situação, isso graças a um fotógrafo que por ali passava. Porém, além da repercussão do caso, quanto a bravura da mãe, o fotógrafo foi muito, mas muito mesmo, questionado a respeito de sua atitude. Questionou-se o motivo que o fotógrafo teve de não ajudar a mãe e seu filho, e tirar as fotos daquele fato. Agora, qual é o limite entre registrar uma imagem de rara ocasião e deixar tudo de lado para salvar alguém? Você tendo conhecimento do fato, com total certeza, já vai ter uma opinião, mas e se você estive na situação do fotógrafo? Quando digo isso, não digo numa situação hipotética, mas numa situação real. E se agora, neste momento, algo que colocasse sua reação em prova, acontecesse com você, o que faria? É muito fácil encontrar argumentos quando se tem tempo e emocional preparado, mas em situações onde a reação acontece em segundos, nem sempre a “teoria” se torna “prática”. Você pode ter várias variáveis na teoria, mas que na prática não vão aparecer. Questionar a atitude de alguém é extremamente simples, mas interpretar a emoção é completamente difícil. Se você presenciar atitudes fora do comum das pessoas, como explosões de adrenalina, pode ter certeza que aquela reação não foi pensada, planejada, prevista, foi uma atitude reflexa do comportamento humano. Fique claro que não estou dizendo que o fotógrafo foi certo ou errado, mas mostrando que tanto ele, como você, leitor, são seres humanos movidos também por atos reflexivos da conduta humana.

terça-feira, 3 de julho de 2012

O fim para o início


            A morte. Nós como meros seres humanos sabemos que um dia chegaremos ao fim do nosso caminho. Contudo, ao deixarmos o mundo mortal, há pessoas que ficam, sentiram saudades, a falta e não entenderam nada do que está acontecendo. Estranho isso, não? Mas é assim uma criança bem pequena pensa da morte. Sabe-se que é muito complicado explicar o sentido da morte para uma criança, não é algo que se pode pegar, que se pode ver. “Ah, mas um cara com três tiros estendido no chão não é visível?” Sim, caro leitor frenético, porém é aquele homem morto, e não a morte. Parece simples a nossos olhos saber o que é a morte, claro que cada crença tem uma definição, mas todas tem um mesmo início: é o fim do corpo material. Para alguns, o espírito vai para o céu, vai para o inferno, vai para o paraíso, vai para uma cidade espiritual, vai para o lado de seu deus, e às vezes fica por aqui mesmo, em nosso plano terreno. Enfim, os últimos passos do ser humano são para o fim de sua vida. O que dizer a uma criança a respeito? Novamente digo que cada crença teria sua explicação, mas qual seria a explicação social, ética da morte? O que dizer para todas essas pequenas, por exemplo, em uma escola? Seria um pouco mais complicado em um contexto neutro de religiosidade. Respeitar as crenças é importante, mas a opinião de um pode não ser a opinião do outro. Podemos equalizar muitas coisas: política, esporte, moda, música, etc., mas certos assuntos não devem ser tratados como discussões de crenças. Se alguma criança me perguntasse o que aconteceu com seu avô, por exemplo, ao vê-lo dentro de um caixão e sendo velado ao meio da sala de sua casa, não teria dúvidas ao responder: “Chegou a hora dele partir desse mundo, seu papel foi cumprido e ele pode descansar em paz.” Não citaria os nomes de céu, Deus, Jesus, pois estaria evocando meios de constrangimento a criança. Digo isso porque passei isso quanto ao falecimento de minha bisavó. Estava dormindo no quarto, acordei e estava muito silencioso. Achei estranho e saí da cama. Fui até a sala e vi minha bisavó dentro de um caixão. Sentei sobre o colo de minha avó e a ouvia chorar. Fiquei um tempo ali, voltei a minha cama e comecei a chorar dizendo: “Por que, meu Deus? Por quê?” Claro, que ao dia seguinte, não escorria mais nenhuma gota de lágrima de meus olhos.  Isso porque não foi meu Deus que a fez morrer, já era chegada a hora dela partir e descansar em paz. O que quero dizer é que não devemos mostrar alguém que seja responsável por ter levado um ente querido, mas dizer que todos nós temos missões aqui nesse mundo, e ao cumpri-las, podemos descansar.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Uma cruz de vidro

É incrível como o pragmatismo religioso pode chegar a ser absurdo e ridículo. Sou cristão, católico apostólico, mas não sou de pedra. Às vezes me deparo com situações que sinto vergonha de minha religião. Deus é Deus, Cristo é Cristo, Maria é Maria, anjos são anjos e nós somos nós. Porém, há momentos em que nós podemos ser Deus, podemos ser Cristo, podemos ser Maria, podemos ser anjos. Claro que não podemos ser literalmente nossos protetores divinos, mas podemos cumprir com alguns de seus papéis nesse mundo tão necessitado de fé. Quantas mães não se martirizam ao ver um filho sofrendo pela drogas, pelo crime, pela morte? Quantas pessoas no dia-a-dia não salvam outras que estão buscando o caminho errado, o caminho da morte, o caminho da tristeza? Quantas atitudes não são olhadas por Deus por buscarem o bem, a salvação do ser humano? É um abraço, um olhar, um aperto de mão, uma atenção mais vívida, um momento com os amigos, uma conversa de desabafo com alguém mais íntimo, um momento de extroversão numa bagunça com a família. Deus não busca só as orações, mas sim o bem estar de seu filho. Como já diz a própria palavra, onde o nome Dele for citado, até mesmo pensado, Ele estará lá, seja na oração, seja na música, seja no carinho com o conhecido ou desconhecido. Isso é ser Deus, ser Mãe, ser Pai, ser um protetor divino. Agora, se há pessoas que acham que nós, filhos de Deus, não podemos fazer milagres, essas pessoas estão precisando rever suas vidas. Tenho certeza que quando elas precisaram, Deus ajudou, mas não com suas mãos, e sim, com as mãos de amparo de outro filho.

Na moral >>> TOUCHÉ ao pragmatismo religioso das pessoas...

sábado, 23 de junho de 2012

Carta em branco


Escrevo, pois não posso mais me calar. Minhas letras corroem minha garganta, lamentando, implorando por uma chance de se aliviarem em uma carta em branco. Minha saliva ferve em minha língua, a fazendo palpitar de desejo pelo ar de um inverno chuvoso. Meus dedos tremem ao sentir a tinta tocar o papel em delicados movimentos de escrita e criação. Um início, uma frase, um óbvio descrito em sinais manuais.  Uma verdade limpa e cheia do suor  do criador supremo, uma relação de amor e ódio diante dos olhos de um leitor.