quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A morte e vida de Deus para mim


Hoje é dia 20/9, um dia depois de ter perdido para a morte um dos meus gatos de estimação, meu branquinho, o Boy. Antes dele, já tive dois cães machos, filhotes. Perdi ambos para uma doença impiedosa. Senti a minha primeira dor próxima pela morte. Quase dois anos depois, voltei a sentir essa dor.
Ontem a tarde, recebi a notícia de que meu gato estava vomitando. Pensei inicialmente em excesso de ração, ele passava um tempo na rua e voltava só para comer. Até então, não imaginava que seria algo pior. Minha irmã disse que ele estava deitado em um canto do quintal e que não deixava ela se aproximar. Ele saiu, foi para academia. Isso foi no meio da tarde. Saí do trabalho e vim direto para casa. Fui até o canto que ele estava, mas o encontrei morto. Em um primeiro momento pensei “Puts, Boy, você morreu, cara. Que sacanagem,”.
De imediato liguei para minha namorada para avisar do ocorrido. Não conseguia o contato, até que ela me retornou. Falei o que havia acontecido, ela ficou triste com a notícia também. Já fui pensando em o que faria com o corpo dele, mas depois disso, minha chave emocional foi ativada. Quando desliguei o telefone, comecei a chorar sua morte. Senti a mesma dor de dois anos atrás, mas já entendida e absorvida mais facilmente.
Tive ali um momento de tristeza muito forte. Senti um pedaço de meu chão cair. Em lágrimas, comecei a procurar algo em que eu pudesse tirá-lo daquele canto do quintal. Fui ao quarto, peguei uma sacola grande e com todo cuidado, fui colocando o corpinho dele dentro. Foi quase como uma cerimônia de despedida (pauso agora para chorar, as memórias do dia ainda me emocionam muito). Deixei ele em cima de um caixote, peguei uma cadeira, fiquei perto e fiz seu pequeno e curto velório. Minhas lágrimas ainda eram evidentes, mais contidas, mas contínuas. Minha irmã chegou e viu a situação, ficou chocada com o acontecido, se compadeceu a morte, me orientou a entrar e ir deitar um pouco. Fiquei mais um pouco e entrei.
Deitei em minha cama e passei em lembrar de todos os relatos, vídeos e afins de pessoas que perderam seus animais de estimação para a morte, fosse por doença, fosse por velhice, fosse para poupar o animal do sofrimento. Me compadeci em cada lembrança. E lembrei de tantas falas de pessoas que dizem que “animal não é gente, morre um, pega outro”. É um ser vivo como nós, dedicamos nosso carinho nossa atenção, nosso dinheiro, nossa morada para eles e eles nos retribuem com carinho, com brincadeira, com pulos, com um roçar nas pernas, com companhia no sofá ou cama. Damos nosso tempo para eles e eles dão o tempo deles para nós. E o tempo do meu gato acabou.
Já tinha ligado para solicitar a remoção do meu gato, umas 20:15 mais ou menos, chegaram. Um funcionário bateu palmas em frente de casa, levantei da minha cama, saí, abri o portão e ele entrou. Estava com um saco plástico branco, pegou o corpo do meu gato o colocou no saco e o levou embora. Me contive para não chorar, mas quando voltei para meu quarto, as lágrimas não se continham, chorei brevemente. Tenho mais duas gatas, acho que entenderam um pouco da minha tristeza e se deitaram comigo na cama.
Pensei em Deus nesse momento. Por que meu gato morreu tão novo? Por que ele teve que ir embora com dor, sofrendo? Quando perdemos alguém querido para nós, a pergunta é sempre a mesma “Por quê?”. Fiquei em minha cama o resto da noite, pensando em uma resposta. Mas aí lembrei “Deus nos tira hoje para nos dar em dobro amanhã” e aos poucos fui acalmando meu coração, mesmo triste.
E quando o cara lá de cima age, as coisas aqui embaixo acontecem. Fiquei até um pouco depois da meia-noite acordado, aí tive que dormir, o dia seguia e tinha que ir trabalhar. Fui pegar meu cobertor e ele estava molhado. Minha gata estava no quarto e ficou embaixo do cobertor, pensei na hora “Mijou na minha cama”, mas para minha surpresa, Deus agiu. Minha gatinha acabava de dar luz a dois filhotes. Pulei da cama chamando minha irmã “Jéssica, pega a transportadora, nasceu os filhotes da Mel”. Minha irmã veio ver a cena e se animou também, me ajudou no que foi possível para arrumar a minha gata e os filhotes.
Depois de uma grade tristeza, na virada do meu dia, tive uma grande alegria. Agradeci imensamente a Deus por estar presente naquele momento. Mais tarde, depois de acordar para ir ao trabalho, vi que haviam 4 filhotes, minha gata sofreu um pouco mais, mas estava tudo bem.
Vivenciei a morte e vida de Deus em pouco tempo. E sei que chegará outros momentos assim durante toda minha vida. A morte é o fim de uma nova história, mas a vida nos ensina a continuar a escrever as nossas histórias, sempre lembrando de tudo que já foi escrito antes.
Essa é uma pequena homenagem para meu gato de estimação e uma amostra de minha alegria pelo nascimento dos filhotes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário